terça-feira, 2 de março de 2010

O Escape - A dor de cotovelo

Não quero ser só uma brisa
Quente e doce sobre seus pensamentos
Esparsos e opacos
Não quero ser só um raio
Infame e inaudível sobre seus olhos mortos.



Não quer ser como as outras,
Que num devaneio te
Procuram pelo que tens



Não quero ser nada do que você
Queira de igual para os outros
Quero ser diferente
Pura e seca
Quero ser você
E ter você por dentro
Quero que quando me chame
Me agarre e me ame



Não quero mais joguinhos
Estou farta deles.
Muito embora vindos de você
Tenha uma certa Graça
O tempo desgasta
E se for, para cada volta
Que o sonso do tempo
Travestido no relógio der
E meu coração antes desalmado
Quebrado ficar
Prefiro que ele assim
Em milhões de pedaços deixe minha
Alma escapar.

Lara, 02/10/06

Schopenhauer:

"A ânsia do amor, o Hímero, que tem ocupado incessantemente os poetas de todos os tempos em incontáveis formas de expressá-lo, e que não esgota o objeto, sim, nunca pode satisfazê-lo o bastante, essa ânsia que associa a posse de uma determinada mulher à idéia de uma felicidade infinita e uma dor inexprimível ao pensamento de que tal posse não será alcançada, essa ânsia e essa dor do amor não consegue extrair sua substância das necessidades de um indivíduo efêmero, mas são o suspiro do espírito da espécie, que vê aqui a conquista ou a perda de um meio exclusivo de atingir seus objetivos e, por isso, solta gemidos altos e profundos. A espécie em si tem vida infinita e, por essa razão, é capaz de ter desejos infinitos, satisfação infinita e sofrimentos intermináveis. Esses, porém, estão enclausurados no peito apertado de um mortal. Por isso, não é de admirar que tal peito pareça querer explodir e não consiga encontrar expressão para a sensação que o invade de delícia infinita ou de dor infinita."

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