E ontem embaixo dos braços do Cristo pereceram inocentes.
A vítima ou as vítimas estavam inertes no chão, sem saber ainda o que havia acontecido. Apenas estavam lá... Quietas, imóveis, uma sem vida, a outra sem entender o que havia feito.
A vítima que perdeu a vida deixou criança, marido, profissão, e sonhos no lado terreno.
A vítima que sobreviveu, tinha família, mas nunca soube o que era ter sonhos, perspectiva. Nunca provou o lado doce da vida, aprendeu na rua que para o notarem era necessário cheirar cola e pó, casar com uma prostituta roubar e xingar, e mesmo assim foi esquecido.
Esquecido por mim, por você, por nós, que inebriados com a docilidade de nossas vidas, massificamos a violência, colocamos tudo no mesmo pacote, e esquecemos os indivíduos e seus problemas. Mas naquele dia, a baixo dos braços do Cristo, se fez lembrar por todos, por ser quem é, por ser indivíduo fruto de massificação, contudo foi de novo esquecido, colocado na prateleira dos problemas sociais não resolvidos, massificado, virou estatística.