terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Bibliografias Entrelaçadas

E eles eram assim, tão diferentes um do outro. Ela, menininha rica, filha de uma aristocracia em decadência, de pais intelectuais, que sempre fora ensinada a não questionar, a se cobrir e a associar a beleza a algo distante dela, como se o bonito e o inteligente fossem completamente antagônicos!
Ele apesar de ter dinheiro, carregava a vida, não a levava, nem se deixava ser levado. Era o típico BOM VIVAN! Ela o achava tão desinteressante, aculturado, feio... A inteligência sempre lhe fora um afrodisíaco, apesar de não possuir experiências anteriores...
E ele? Ah... Ele. A achava chata tinha medo ela lhe era tão distante, fria poderosa, passava a idéia de auto-suficiente e liberta uma mulher, era acostumado com meninas.
Mas numa noite dessas como que por acaso os dois se encontraram, conversam, e percebem que apesar de não possuírem muito em comum, possuíam o mundo comum. O mundo, de se resguardarem cada um a sua maneira, do que acontecia a sua volta. Ela reclamava da solidão, de não ser olhada e desejada, e ele de não ser levado a sério... Tão diametralmente opostos, mas ali naquele momento pareciam certo, pareciam caber um na forma do outro, mesmo que por apenas aquela noite.
E as noites se passaram, e foram passando meses. Ambos tinham certeza de estarem usando o outro: ele para se fortalecer de um sofrimento; ela, para se sentir desejada. Tolos. Quanto mais se julgavam distantes mais perto estavam de se tornarem um.
E a saudade ia sempre apertando mais e mais, os corpos sempre latentes a cada vez que se encontravam...
E numa noite dessas, onde as mãos percorriam os corpos vestidos, decidiram, assim sem a cabeça, apenas com o desejo, que era a hora. A HRA. A hora de se saciarem, de colocar fim aquela aflição noturna que perdurava há vários meses, e que depois de cada encontro era realizada por eles sozinhos... No escuro de seus quartos, com suas próprias e insólitas fantasias de como tornar aquilo realidade.
Mas voltando àquela noite, que tinha cheiro de pecado e um ar doce, como aqueles que só um bom veneno tem, iriam se envenenar para sempre um do outro. Ali, sentados no saguão do hotel onde costumazmente se encontravam para partilhar a vida. As mãos dele, desejosas, foram descendo o colo dela e descobrindo o mamilo, tão róseo que contrastava tanto com a pele branca e ofegante... A moça não o impediu... Mas ali, naquele lugar, não poderia... Entreolharam-se, sabiam que era chegada a hora, só faltava o lugar... O lugar... E como que por milagre, eles acham a escada de incêndio. Subiram até o terceiro andar, e ali naquela excitação, foram se despindo selvagemente, e ela que nunca tivera ninguém estava tão ofegante e determinada que não disse nada ao moço. E deixou que ele a tocasse como quem toca a um instrumento bastante raro, mas que o ritmo da música exigisse uma certa violência romântica. Em segundos estavam nus. A moça, não pode deixar de notar na tatuagem dele, tão viril, e o corpo tão lindo, que na meia luz, lhe parecia tão bem feito... Retraiu-se, lembrou que se achava feia.
Contudo, o moço tão experiente notou; disse-lhe umas palavras inebriantes, ao pé do ouvido. A moça tinha deixado levar-se novamente. Naquela noite, deixou de ser poderosa, o maestro era ele. Era o que ela queria há tato tempo... Queria tanto alguém que lhe tomasse com tamanha vontade que a fizesse gemer, de dor e prazer... E era tanto prazer e tanta satisfação por aquele momento ter-se realizado, que não perceberam um leve abrir da porta...
Era tão mágico, porque nunca tinha se deixado levar? Pensou ela! E a resposta veio dele, nunca pensei que seria seu primeiro homem, você é tão livre e forte que a julguei tão experiente: mas ela, tão enlouquecida pelo prazer proporcionado lhe disse as palavras, que aquele moço, tão experiente queria ouvir: ESTAVA ESPERANDO POR VOCÊ!
Ao final, ele olha para porta e a vê entreaberta, mas nada que desse para vê-lo ali, em plena entrega. Ele põe a mão na boca dela, para abafar seu desabafo deleitoso. Todos daquele andar poderiam ter ouvido aquele momento. E ela, olha para ele e diz como que entendendo a aflição de pronuncia: “com você seria capaz de acordar todo o andar”. Ele feliz, por ter conseguido despertar a mulher dentro da menina, lhe dá a mão, e recomeça a amá-la docemente. Finalmente se conheciam por inteiro, se amavam por inteiro, e perderam o medo. Descobriram que nunca se usaram, mas foram usados pela vida. As suas biografias estavam entrelaçadas.
Larete, 24 de setembro de 2006.

1 comentários:

Brisa Dalilla disse...

esseefacildeanotar@hotmail.com larete
mas, eu nao to quase entrando no msn!

fico on no skype, se vc tiver é 'brisona'

e gtalk 'brisona@gmail.com'.

bjao

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